sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010


Ontem, dia 9 de Fevereiro de 2010, o nosso grupo conseguiu, finalmente, recolher um testemunho que relatou tudo aquilo que temos vindo a abordar neste tema.
Bruno Andrade, de 22 anos, segue hoje um rumo procurando atingir a felicidade depois de um passado muito difícil, marcado pela falta de uma família, o que lhe deixou e deixará sempre marcas na sua vida, mas que por outro lado o irá motivar a lutar por uma família que seja realmente uma família unida e com todas as características que este não pôde vivenciar!


Bruno, tem quatro irmãos e todos eles sentiram na pele o sofrimento da negligência da família. No inicio vivam com ambos os seus pais, mas a situação em casa era caótica. Depois os seus pais separaram-se e eles foram morar com o seu pai.
Contudo a sua situação não melhorou! Muitas vezes, dormiram na rua, passaram fome e foram acusados de mal tratar o próprio pai quando eram eles, que viviam situações de maus-tratos psicológicos.
A situação começou a tornar-se insuportável e, eram várias vezes que a polícia “visitava” a casa do seu pai! Passado algum tempo Bruno toma uma atitude e dirige-se a uma entidade para pedir ajuda. Ele foi colocado numa casa de acolhimento, aos 16 anos, ficando separado dos seus outros irmãos. A separação que mais lhe custou foi a da sua irmã, que também foi institucionalizada com cerca de 13 anos. O facto de Bruno sempre ter sentido um instinto protector face à irmã, fê-lo sentir incapaz naquela altura.


Quando chegou à casa de acolhimento, cansado, com fome e nervoso, sentiu-se aliviado por estar longe de toda aquela situação que vivera durante anos. Contudo, sentia a sua privacidade e espaço invadidos porque ali, todos tinham que aprender a partilhar fosse o que fosse, até mesmo calças ou outras coisas!


Dentro da instituição estimulou-se a sua autonomia, e passados 7 meses, Bruno conseguiu um trabalho e uma casa que partilhava com uns amigos. A sua irmã continuou institucionalizada o que se por um lado lhe causava um certo descanso, pois ele sabia que ali a irmã estava bem, por outro ele tinha sempre uma enorme preocupação com ela e com o seu bem-estar.


Bruno Andrade, passados muitos anos foi viver novamente com a sua mãe. A relação entre os dois não é má, mas também não é das mais próximas.
Ao longo do testemunho Bruno, descreveu-nos as fases que mais o marcaram as mais traumáticas. Dentro delas inclui, o ter dormido fora de casa, o ter assistido a situações muito complicadas entre os pais, a pressão psicológica, o ter assistido a certos conflitos dentro da casa de acolhimento, a revolta sentida face à falta de uma estrutura familiar e separação dos irmãos.

Contudo, perante todo este cenário, ele teve que lutar pela sua vida, por uma vida melhor tentando deixar o passado para trás! Hoje, ele tem um trabalho e diz que a sua maior ambição é conseguir constituir a sua própria família, uma família feliz e dotada de amor e carinho, o oposto da “família” que teve no passado.

Uma mensagem também passada por este nosso testemunho foi que de facto, apesar deste tema ser muito abordado tanto na televisão, como na Internet, a verdade é que as pessoas não sabem nada acerca deste problema. A ideia que a nossa sociedade faz do abandono de crianças é algo muito superficial por isso, ele deseja que consigamos incutir na sociedade uma atitude diferente e um alerta verdadeiro!


Com este forte e enriquecedor testemunho, percebemos a dura realidade que jovens e crianças vivem, as experiências traumáticas por que passam e chegámos também à conclusão que a capacidade de dar a volta por cima a este problema está na personalidade de cada um. Muitos se perdem mas muitos se encontram!

1 comentário:

  1. Salut les copines!
    Cá estou eu de novo , a "espreitar" o vosso blogue que continua sempre activo. Parabéns pela divulgação e pela actualidade das vossas publicações. Il faut toujours témoigner en faveur des plus démunies!
    Votre prof de toujours.

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